deixa queimar
deixa rasgar
eu gosto do vulcão goela abaixo
eu mato barata com tiro de bazuca
ah o que você faz comigo ninguém sabe
e logo me dou conta de que você é minha
berro louco uivo transmutante de júbilo
deixa o estrondo se afogar no colosso do ritmo
grito no talo da testa a alegria de implodir
deixa acharem o que quiserem achar
deixa pensarem o que pensam que pensam
deixa eu fazer uma estrofe de quantos versos eu bem entender
deixa eu parar de contar os números
deixa eu parar de andar pela rua reparando a desidratação do mundo
deixa eu deixar o que for pra ser deixado pra trás e que não volte nunca mais
e eu vou sentado na nuvem voadora inalando essência de papoulas
eu vou em minha posição sublime de lótus azul surfando os melhores pesadelos
o céu sorri sobre mim e ah ninguém sabe o que você faz comigo
presentes que você me dá ah ninguém sabe
eles me chamam de idiota
sem noção se jogando pra todos os lados
mas eles não podem me odiar porque eu não esbarro em ninguém
elas eu sei que no fundo me odeiam porque eu prefiro dançar que olhar pra elas
mas no fundo esse ódio eu também vou amando e um dia ele vira luz ou não quem sabe
deixa eu ultrapassar o tamanho de um verso que alcance lá pra lá do canto direito da caixinha de texto e venha assim aqui embaixo continuando grande como bem entender
e corroda-se essa metalinguagem imbecil pra completar o ciclo daquilo que já não está mais nem aí pro que é ou deixa de ser poesia
lar doce lar do meu bem estar
lar doce lar do meu bem querer do nosso bem viver
divertido é criar leis pra como se usa a língua espiritualmente
por exemplo proibir possessivos pelo desafio duma descrição mais neutra
mas também o fogo que queima e não incomoda
deixa queimar
deixa rasgar
só está faltando um fósforo
me dê aí
e não se esqueça que nesse momento
o sol invadiu as casas
e o mar agitado engoliu as troças
lar doce lar do meu azul
senhor deus estou indo estou indo aí aqui e dessa vez é pra ficar
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